12.12.10

Diálogo entre o Eu e Tu!

Ouve-me. Ouve o que não digo. Ouve o que da minha boca não sai. Escuta com atenção e diz-me o que ouves... Dos meus lábios paralisados, do meu tom mudo, do meu silêncio ouve-se o que digo. Soltam-se letras perdidas no nada. Colocam-se em fila, tentando compor uma harmoniosa sinfonia, mas pararam do nada. Nada. Nada sai. Nada se ouve. Nada digo. Mas tu ouves. Mesmo assim ouves. Serei eu a culpada de tal prisão? Serei a culpada de silenciar? Não. Sim. Talvez. Ouve o que te digo sem intenção alguma, sem sequer forçar as cordas vocais. Ouve. Ouve. Ouve-me. E ao ouvires responde da mesma forma. Calado. Os meus lábios estão cerrados. Cosidos. Paralisados. Parados no tempo. Pararam assim que me apercebi que não preciso deles para dialogar… para ser ouvida. Consegues perceber o que digo. Consegue ouvir-me calada. Pois nada disse e a tua impressão é notável. A tua expressão diz claramente que o que ouviste, foi, …, deixa não tem importância. Ouviste. Eu sei que me ouves.


(texto de Sil, imagens de Helena Almeida)

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