12.12.10

Diálogo entre o Eu e Tu!

Ouve-me. Ouve o que não digo. Ouve o que da minha boca não sai. Escuta com atenção e diz-me o que ouves... Dos meus lábios paralisados, do meu tom mudo, do meu silêncio ouve-se o que digo. Soltam-se letras perdidas no nada. Colocam-se em fila, tentando compor uma harmoniosa sinfonia, mas pararam do nada. Nada. Nada sai. Nada se ouve. Nada digo. Mas tu ouves. Mesmo assim ouves. Serei eu a culpada de tal prisão? Serei a culpada de silenciar? Não. Sim. Talvez. Ouve o que te digo sem intenção alguma, sem sequer forçar as cordas vocais. Ouve. Ouve. Ouve-me. E ao ouvires responde da mesma forma. Calado. Os meus lábios estão cerrados. Cosidos. Paralisados. Parados no tempo. Pararam assim que me apercebi que não preciso deles para dialogar… para ser ouvida. Consegues perceber o que digo. Consegue ouvir-me calada. Pois nada disse e a tua impressão é notável. A tua expressão diz claramente que o que ouviste, foi, …, deixa não tem importância. Ouviste. Eu sei que me ouves.


(texto de Sil, imagens de Helena Almeida)

É só mais um...

Não sei o que me doi neste momento. Não sei se isto é dor é uma espécie de desabafo preso por correntes imaginárias, criadas pela dor e serenidade que me caracterizam. Sim estou mesmo magoada com a dor de nao puder dizer o que quero ser contigo. Doi-me saber que em tempos foste para mim a pessoa que mais confiei a pessoa que me entreguei. Sim. Parecendo que não levas-te-me a melhor coisa que tinha, o meu EU. Porque é que eu ao saber que existem coisas incrivelmente piores, coisas que nos deixam completamente boqueabertos escandalizados? Acho que a resposta é que não ficamos melhor com o mal dos outros. Sofremos porque nos doi a maneira como as coisas nos são expostas. Por um ou por outro, não importa. Ou por saudade ou por dejeso. Desejo não ter saudade. Saudade é o manifesto do vazio que sentimos ao saber que "aquilo" não se encontra na mesma zona tão pouco no mesmo ambiente que o nosso. Ou porque partiu, ou mesmo estando ali ao nosso lado não é o mesmo ar que respiramos...
Sinto a falta de sentir saudades tuas. Saudades saudaveis. Saber que estás presente a un tantos kilometros de distância. A distância de uma viagem. Mas o tempo não faz viagens. É impossivel voltar a sentir mesma chuvinha que naquela tarde nos aproximou durante um certo tempo. Bem não te vou dizer... Quem és tu afinal? Quem és tu em mim? Foste sim o meu amor. Foste? Pensei...mas...eu...que aconteceu? Não respondas. Eu volto a ser a Silvana. Mas eu deixei de ser quem era? Ou de ser quem sou? não percebo e sinto-me perdida. Vou-me encontrar. Txi, tantas pessoas. Mas todas diferentes. Que bom. Desisto? Não. Consegui uma vez, tenho a certeza que consigo outra vez.

p.s.: Na vida não temos borrachas para apagar os "erros". Não vou fazer "back space" nas palavras acima ditas. Percebam!